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20/06/2020

Homem Máquina

Faz um tempo - cerca de 400 anos - que vem se desenvolvendo um modo de ver e lidar com o mundo essencialmente diferente dos que exitem há milênios: a chamada ciência moderna. Francis Bacon, Descartes, Galileu e Newton são nomes tidos como iniciadores desse novo jeito de pensar e agir diante da natureza, da sociedade, da economia, da política, da arte... e do corpo. 

O que basicamente os caracteriza é a ideia de que vivemos numa grande máquina, num espaço totalmente geometrizado. A natureza, o corpo humano, a convivência social, a vida... são vistos e tratados como máquinas em funcionamento, determinadas e governadas por uma causa externa a elas, uma causalidade cega.


"Suponho que o corpo não é senão uma estátua ou máquina", diz Descartes. Supõe também que o universo é uma máquina e, assim como o corpo, devem seu funcionamento à alma. Ambos são parecidos com um relógio: quando alguma peça deixa de funcionar, ela pode ser consertada ou substituída.


Então, para tratar esse tipo de corpo - ou dessa máquina - criou-se uma medicina - a Medicina Analítica - baseada na crença de que a causa de qualquer enfermidade é externa ou exógena. Adotou-se uma metodologia que separa e pesquisa os diferentes tipos de doença, atendendo integralmente os passos a serem seguidos caso não se queira deixar enganar por falsas ideias, segundo Descartes, ou por "ídolos" ou "fantasmas", conforme Bacon.


O resultado disso é o que existe hoje como atenção oficial à saúde individual e coletiva: uma medicina super especializada e avançada, sobretudo para quem pode pagar. No geral, quando e onde ela é possível, o indivíduo é submetido a baterias de exames para então, talvez, ouvir algum diagnóstico detalhado mas incerto, e tem de se virar com receitas que, sem dúvida, fazem muito bem à indústria farmacêutica.


Felizmente há uns poucos - ainda muito poucos - profissionais da área de saúde que, embora formados pela Medicina Analítica, conseguem ampliar seus limites e não ignoram os mais de 5 mil anos de registros de outros modos de ver e lidar com o corpo humano. Há, inclusive, alguma política pública de saúde no Brasil que inclui alguns desses modos. Ao procederem assim, certamente contribuem para que nos vejamos e nos tratemos não como máquinas, mas como seres humanos.